quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Desmatamento evitado e os benefícios socioambientais. 04/03/2010

Texto publicado no Jornal Gazeta da Vizinhança de Dois Vizinhos, Paraná.

O desmatamento nas florestas brasileiras começou no instante da chegada dos portugueses ao nosso país, no ano de 1500. Interessados no lucro com a venda do pau-brasil na Europa, os portugueses iniciaram a exploração da Mata Atlântica. Enquanto a madeira era utilizada para a confecção de móveis e instrumentos musicais, a seiva avermelhada do pau-brasil era usada para tingir tecidos.
Depois do desmatamento da Mata Atlântica, foi à vez da Floresta Amazônica sofrer a derrubada ilegal de árvores por madeireiras que buscavam madeiras como o mogno e outras espécies vegetais de alto valor. Um relatório divulgado pela WWF (ONG dedicada ao meio ambiente) no ano de 2000 apontou que o desmatamento na Amazônia já atinge 13% da cobertura original. O caso da Mata Atlântica é ainda mais trágico, pois apenas 9% da mata sobrevivem com a cobertura original de 1500.
O desrespeito a natureza provoca consequências desastrosas. Com a destruição de florestas, temos dentre tantas consequências diretas, as mudanças climáticas, pois com a queima da vegetação derrubada são lançados na atmosfera volumes de CO2 (dióxido de carbono), um dos principais gases que ocasiona o efeito estufa. Também, a propagação de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue e a malária são efeitos desta degradação ambiental. Ao invadir florestas o homem entrou em contato com vírus que não conhecia como o HIV, que se espalhou pelo mundo a partir da caça de chimpanzés na selva africana.
Uma vez destruída, a floresta não pode ser recuperada. Mesmo removendo apenas as árvores maiores, o frágil ecossistema florestal não resistirá. Com ele, estão perdidas para sempre comunidades inteiras de plantas e animais, muitas das quais de valor incomensurável. Há séculos, tribos das florestas têm usado as propriedades químicas de muitas espécies de plantas para obter drogas e medicamentos. A própria ciência moderna reconhece hoje o valor dessas ervas medicinais, para o tratamento de doenças graves como câncer, leucemia, problemas musculares e cardíacos. São também usadas como ingredientes básicos para a fabricação de hormônios controladores da natalidade, estimulantes e tranquilizantes.
Aqui no sudoeste do Paraná, a Araucária (Pinheiro-do-Paraná) teve importância socioeconômica incontestável para o estabelecimento e desenvolvimento de seus municípios no passado, e ainda nos dias presentes. Porém, infelizmente não podemos negar o descaso e a degradação ambiental que as Matas de Pinheiro sofreram e continuam sofrendo dia-a-dia em nossas terras.
Da preservação de nossas florestas obtemos vários benefícios, desde a exploração cientifica da vegetação para a criação de medicamentos até mesmo a termo regulação do clima mundial, percebendo-os não só como benefícios ambientais, mas também como social.
Entende-se que a deterioração ambiental tem relação direta com a pobreza e a queda no nível e qualidade de vida da população. Neste sentido, o trabalho de conscientização feito por escolas e organizações não-governamentais é bastante importante, pois somente através da consciência humana seremos capazes de preservar o meio ambiente e, consequentemente, a própria humanidade.
Este artigo foi elaborado pelo acadêmico Kennithy Kurpel do 9º período de Engenharia Ambiental da Unisep, sob orientação e revisão do Prof. M.Sc. Marcelo Langer.

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