terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Araucária como Bioindicador de Preservação e do Desequilíbrio – a prova que faltava. 01/03/2010

Texto publicado no Jornal Gazeta da Vizinhança de Dois Vizinhos, Paraná.

A araucária ou também conhecida como Pinheiro–do–Paraná tem grande valor cultural, econômico, social e ambiental, para a região sul do Brasil, onde sua ocorrência é natural, e em pequenas áreas em outros estados. Tendo em vista seu potencial de uso para diversas finalidades, nesta região, devido às grandes qualidades físicas e estruturais, a exploração insustentável e gananciosa levou a araucária à lista de espécies ameaçadas de extinção, causalidade esta, gerada pela exploração predatória de sua madeira por madeireiros que a cobiçam muito e também pelo consumo comercial alimentar de seus frutos e sementes.
A Araucaria angustifolia é uma espécie nativa pertencente a Floresta Umbrófila Mista, que integra o bioma da Mata Atlantica, caracteriza-se pela fisionomia alta e densa e a formação estrutural formada e um estrato superior dominado pelas arvores e um sub-bosque composto por angiospermas (arvores com frutos cobertos) e gimnospermas (arvores com frutos secos). Ocupando o dossel (parte mais alta) deste ambiente.
A floresta de araucária tem grande valor como bioindicador fisiológico de preservação já que auxilia na formação do sub-bosque, devido à sua interação intensa com a fauna local, oferecendo alimentos a pequenos animais como roedores como cotias e aves como a gralha azul nos períodos de frio, já que geralmente não há frutas nesta época, animais entre estes dispersores de sementes de diversas espécies formadoras do sub-bosque, possibilitando a dispersão não somente de sementes, mas também de pólen.
As araucárias estão geralmente dispersas dentro do bioma, o que facilita o desenvolvimento de espécies complementares a aquele ambiente, fundamental na circulação de genes e na manutenção da biodiversidade de animais e vegetais que vivem em simbiose com este bioma. Equilíbrio este quebrado devido à devastação desta floresta.
A araucária tem ainda uma grande importância como bioindicador sócio-cultural de preservação ambiental, já que devido à grande cobiça por sua madeira, indica que, estando a arvore em pé, que valores ambientais preservacionistas e conservacionistas também estão presentes naquele ambiente ocupado por ela. Além de manter viva diversas culturas humanas relacionadas à sua existência. A araucária floresce nos meses de setembro - outubro e a formação das sementes se dá vinte meses após a fecundação, abril - maio (http://www.rbma.org.br/anuario/mata_04_esp_araucaria.asp acessado em 28/02/2010).
Entretanto, a poluição urbana, o desmatamento total, a exploração e uso intensivo do solo, água e ar, estão determinando alterações significativas e talvez irreversíveis ao meio ambiente e perpetuação da vida no Planeta. Como bioindicador, ou seja, um indicador da vida, a preservação da araucária é necessária urgentemente.
As alterações climáticas estão causando desequilíbrios naturais e já podemos perceber isto de forma intensa em nossa região do Sudoeste do Paraná, pois facilmente já encontramos pinhões (que são característicos do inverno) sendo vendidos às margens de nossas rodovias regionais. Este fato é só mais uma prova de que é fundamental para comprovarmos que as atitudes humanas estão destruindo a vida no Planeta, pois esta mudança no período de floração das araucárias acarretará a quebra da cadeia produtiva de toda a natureza regional.
Empresas precisam mudar, o homem precisa mudar, nossos sistemas de vida e produção precisam ser mudados. Precisamos de pessoas, políticos, órgãos ambientais e empresas mais responsáveis e conscientes para a gestão do meio ambiente e desenvolvimento das sociedades imediatamente.
Este artigo foi elaborado pelo acadêmico Wagner de Aguiar do 9º Período de Engenharia Ambiental da Unisep, sob a orientação e revisão do Engenheiro Florestal e Prof. da Unisep Marcelo Langer.

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