quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ÁREAS DEGRADADAS RURAIS 31/01/2010

Texto publicado no Jornal Gazeta da Vizinhança de Dois Vizinhos, Paraná.

De todas as atividades humanas, a agricultura é uma das principais causas das alterações no meio ambiente. Ao longo do tempo, as áreas agrícolas acabaram contribuindo com a degradação dos solos, contaminação de água e perda da biodiversidade. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, cerca de 15% das terras são atingidas pela degradação. Sua principal ocorrência é a erosão dos solos, ou seja, parte da sua camada superficial é transportada pela ação das águas (chuvas principalmente) ou dos ventos (para o caso dos sistemas agrícolas que não propiciam a cobertura do solo permanente).
A intensidade da degradação dos solos e da erosão em áreas rurais varia muito em decorrência de diversos fatores, como por exemplo: solos frágeis, técnicas de cultivo, tipo de cultura, uso de agrotóxicos, sistemas de colheita e compactação do solo, etc. Como consequência ocorre à poluição dos rios, o desaparecimento da flora e da fauna natural do local, resultando na perda de boa parte da biodiversidade.
No município de Dois Vizinhos, é fácil encontrar áreas rurais degradadas, como é o caso de uma propriedade visitada, com uma extensão de 20 alqueires, onde há plantação de milho, soja, mandioca e de erva mate, além de campo de pastagem para sua criação de gado. Esta última atividade tem contribuído com a degradação do solo, pois com a implantação de pastagem, a carga excessiva de animais e o manejo inadequado do solo fazem com que este não forneça nutrientes suficientes para o desenvolvimento da vegetação, perdendo sua fertilidade. Contudo, existem técnicas para a minimização dos impactos gerados pelos sistemas convencionais (sem cuidados ambientais) e também para a recuperação destas áreas degradadas – pensando sempre na segurança humana e ambiental, no custo, sustentabilidade e principalmente visando à recuperação dos solos e dos valores ambientais.
De acordo com resultados observados e estudos que vem sendo realizados ao longo dos últimos 15 anos, é totalmente possível perceber e estabelecer uma comparação entre os sistemas agrícolas convencionais e os novos sistemas ditos de “cultivo mínimo” (setor agrícola) e/ou plantio direto (setor florestal).
Nos primeiros sistemas o esgotamento dos solos e de seus recursos é característico e determina a perda da sustentabilidade, exigindo ingressos permanentes e crescentes de nutrientes e produtos químicos para garantir a produtividade da cultura.
Já nos novos sistemas agrícolas e florestais, onde se busca atender as premissas de preservação e conservação ambiental, com a manutenção de cobertura vegetal permanente, os impactos são muito menores, a necessidade de introdução de insumos químicos torna-se reduzida e a produtividade apresenta aumentos significativos, gerando ganhos econômicos – alem dos ambientais já garantidos e promovendo a sustentabilidade das propriedades rurais (vejamos os resultados atuais de aproximadamente 500 sacas de milho por alqueire que estão sendo colhidos na nossa região sudoeste do Paraná).
Assim, pode-se evitar a erosão do solo de diversas formas, como por exemplo, neste caso, cultivo mínimo, plantio de árvores nativas, manutenção das áreas de preservação ambiental próximas a rios, nascentes e lagos, utilizando técnicas de manejo integrados sustentável e principalmente não retirando do solo sua cobertura vegetal. Com estas práticas podemos preservar nossos solos, garantindo uma agricultura mais integrada com o meio ambiente, maior produtividade, menor custos de recuperação e com novos padrões de sustentabilidade – econômica, ambiental e social.
Para que estes processos de degradação rural, perdas de produtividades agrícolas, degradações ambientais e problemas na qualidade de vida humana é necessário que além de mudanças no comportamento e técnicas operacionais dos proprietários rurais, também o Governo, seja municipal, estadual e/ou federal comece a agir de forma concreta, haja vista a longa e interminável discussão entre a bancada ruralista e ambientalista, que persiste a muitos anos e não tem apresentado nenhum resultado efetivo.
Quem perde? Seguramente a cadeia total – meio ambiente, propriedade rural, sociedade geral e gerações futuras, que tem ficado a mercê dos interesses econômicos de diversos grupos com maior poder de influencia política, menor interesse na sustentabilidade, além da desconsideração ao fato de que a produtividade rural, depende 100% do equilíbrio ambiental e da preservação dos recursos naturais.

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