quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Organismos Geneticamente Modificados 04/07/2010

Texto publicado no Jornal Tribuna dos Lagos de Dois Vizinhos, Paraná.

Certamente todos nós já ouvimos diversas versões técnicas sobre os males que os organismos geneticamente modificados (OGM) podem causar ao meio ambiente e a vida do ser humano. Da mesma maneira, também diferentes explicações de sua viabilidade econômica, seus ganhos prometidos e como muitas das suas aplicações podem inclusiver gerar benefícios ambientais.
Acabamos sempre na duvida, pois o fato é que depois destes quase 20 anos de discussões, ainda muitas são as incertezas e questionamentos a respeito desta tecnologia genética.
Por exemplo, os defensores dos OGMs garantem nas suas duvidas que o seu uso contribui para o aumento da produtividade, diminuição de perdas, maior resistência a pragas e intempéries climáticas, alem do beneficio ambiental, visto que espécies geneticamente modificadas necessitam menor quantidades de fertilizantes, defensivos e outros insumos agrícolas, tanto na sua fase de produção, quanto nas fases de armazenamento e processamento.
Já os contrários aos OGMs questionam a falta de conhecimento comprovado sobre os efeitos que estes novos códigos genéticos podem provocar sobre a vida humana, inclusive muitos deles tentam de todas as maneiras demonstrar que o aumento de doenças, como o câncer, por exemplo, pode ter explicação na nossa dieta rica em químicos e de provável modificação genética.
Contudo, algumas questões e entendimentos devem ser anteriores a decisão de ser favor ou contra aos OGMs.
Utilizando o exemplo da soja, uma espécie que foi introduzida no Brasil e que hoje é uma base econômica de alto valor social e extremo impacto ambiental, pois independentemente de ser geneticamente modificada ou não, o sistema de produção da soja, com áreas extensivas de plantio, sistemas monoculturais que não promovem a manutenção da biodiversidade local, por si só já devem ser questionadas e melhor gerenciadas. Assim, ambientalmente, se a soja é geneticamente modificada ou não, ela por si só, já é um causador de degradação ambiental.
Este exemplo da soja é utilizado para esclarecer a todos sobre a questão da monocultura, principalmente sobre a introdução e uso massificado de espécies exóticas em um ambiente onde naturalmente ela não existiria, mas pode-se utilizar outras espécies como exemplo, como é o caso do milho, trigo, pinus, eucalipto, etc.
Independentemente do seu valor econômico e importância à cadeia produtiva, desenvolvimento da nação e à sustentabilidade de empreendimentos de grande escala, estas espécies, ditas exóticas causam ao meio ambiente um desequilíbrio muito significativo, pois altera toda a cadeia trófica (alimentar) da fauna local e também influenciam na diversidade biológica da flora.
Assim, discutir se um produto é OGM ou não, tem sua importância social (saúde) e econômica, mas para as questões ambientais, é preciso primeiramente discutir os mecanismos de liberação sem controle do uso de espécies exóticas em ambientes nativos.
Agora quando pensar em utilizar-se OGM para espécies nativas, ai sim a questão toma forma mais ampla é séria, pois os efeitos que este produtos causarão sobre o equilíbrio dinâmico do meio ambiente em toda a sua cadeia produtiva e de conservação, será muito mais evidente e as consequências poderão ser incalculáveis. Infelizmente ainda não se tem conhecimento conclusivo sobre o uso destes novos produtos tecnológicos, contudo, lembrando que muito mais do que 50% da população mundial vive abaixo da linha da miséria, não se pode descartar possibilidades genéticas, que se bem gerenciadas, poderão contribuir para diminuir a pobreza, a degradação ambiental, as diferenças sociais e a sobrevivência do Planeta e da Espécie Humana.
Mas para isso, volto a repetir, a base precisa ser mudada. Nosso sistema político precisa mudar e para mudar a este sistema, é necessária a mudança do nosso sistema educacional, pois somente teremos uma sociedade mais consciente, mais atuante e um sistema político mais sério e efetivo, no dia em que em nossas escolas estivermos promovendo a real educação e formação, e não simplesmente a transmissão de informações e dados.
Precisamos de seres humanos mais críticos, mais atuantes e para isso precisamos pensar mais coletivamente e menos individualmente. E agora que a Copa para nós brasileiros acabou, precisamos de políticos mais sérios, mais competentes, menos susceptíveis as demandas, favores e benefícios econômicos. E só conseguiremos atingir a estes objetivos quando nós eleitores nos tornemos menos corruptíveis.
Porque falar de política neste artigo sobre meio ambiente, pois infelizmente o meio ambiente esta nas mãos dos políticos, ao invés dos especialistas. E se não aprendermos a ver e entender esta inter-relação, seguramente não teremos Meio Ambiente, com ou sem Organismos Geneticamente Modificados.

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