quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Construções Civis Sustentáveis 24/05/2010

Texto publicado no Jornal Tribuna dos Lagos de Dois Vizinhos, Paraná.

As nossas construções civis são agentes causadores de forte impacto ambiental, ora por ser construídas em locais indevidos e proibidos por Lei, ora por não adequar-se ao ambiente e ainda por não utilizar recursos materiais e sistemas mais apropriados, de menor custo e baixo consumo dos recursos naturais e ou ainda não planejar a disposição adequada de seus resíduos.
A Organização Não-governamental Green Building Council Brasil é a entidade responsável por promover a certificação LEED, desenvolvida pelo Green Building Council norte-americano em território nacional. Esta certificação LEED baseia-se num sistema de pontuação cumulativa para diversos itens do projeto, como eficiência da água, energia e atmosfera, materiais e recursos, entre outros. Cada item possui subitens, que valem créditos e que determinam a pontuação para empreendimentos.
Os requisitos mais importantes são os de economia de água e, sobretudo, de energia. Há exigência de melhoramentos no local do canteiro de obra, instalação do empreendimento em uma região urbanizada, adensada e com boa infra-estrutura de transporte público. “Pesquisas mostram que edifícios sustentáveis reduzem em 30% o consumo de energia e em 50% o consumo de água. (COELHO, 2010, Pág. 1).”
A grande dificuldade e desafio para implantação do sistema de certificação LEED, está na mudança de cultura da população e dos profissionais. Onde hoje, por exemplo, o arquiteto trabalha as fachadas sem se preocupar com as ineficiências energéticas de seu empreendimento e assim evitar custos futuros devido ao consumo excessivo de energia e outros recursos naturais, sendo o momento da escolha do tipo de obra a se construir de fundamental importância para a eficiência energética e redução de custos.
Alem dos aspectos de otimização de recursos (ambientais e econômicos) as atividades relacionadas com a construção civil são geradores de um enorme impacto ambiental.
O setor é o maior consumidor individual de recursos naturais, gera poluição, resíduos, acidentes de trabalho, entre outros etc. A reciclagem de resíduos próprios é uma das tendências para diminuição do impacto ambiental da construção civil.
Um projeto para estar em conformidade com a certificação LEED deve atender inúmeras exigências, das quais focamos as mais importantes para nossa realidade.
A conscientização e informação sem dúvida é a maneira mais rápida e com menor investimento, porém ela é difícil na questão de mudar a cultura das pessoas, que ainda fecham os olhos para a escassez da água no planeta. Torna-se evidente que hoje, está ficando cada vez mais difícil encontrar água de qualidade, isso devido à poluição de rios, represas e do solo, decorrente da própria ocupação e atividade humana e é com pequenas mudanças de hábitos, que os grandes resultados surgirão.
Nas instalações prediais, ou pequenas moradias por menores que sejam é essencial a detecção de vazamentos na rede, que deve ser analisada desde a entrada da água no cavalete até os equipamentos instalados, podendo ser visíveis ou ocultos. Os vazamentos visíveis ocorrem nas torneiras, jardim, tanques, pia de cozinha, bóia da caixa d’água, ou nas tubulações embutidas na parede, por exemplo um gotejamento lento possui uma vazão de 0,01 L/min, o que representa uma perda mensal de 400 litros, e o gotejamento rápido pode representar uma perda de até 1000 litros por mês.
Utilizar a energia solar para aquecer a água necessária ao consumo diário é uma das formas mais inteligentes de poupar energia e preservar o meio ambiente. Com a utilização destas tecnologias, que já são largamente utilizadas na Europa, América do Norte, Ásia e Oceania e também já disponíveis no Brasil, infelizmente pouco utilizadas em nossa região, pode-se obter grande economia energética e de consumo de água, Estas tecnologias ao contrário do que se pensa, não possuem um custo elevado para sua implantação, contudo infelizmente não se realiza análises de benefício/custo econômico e ambiental a longo prazo. Faz-se o trivial, que é mais fácil de pensar - somente.
Através do correto dimensionado do imóvel e consumo de acordo com as necessidades da aplicação, seja residencial ou não residencial, seguindo duas etapas básicas, calcular o volume de água quente a ser gasto diariamente, e também calcular a quantidade de coletores solares para o aquecimento da água do reservatório térmico, esta tecnologia associada a coleta de água da chuva, disposição das casas nos terrenos, materiais consumidos, dimensões das aberturas da construção civil e uso de sistemas integrados de re-uso d’água, pode-se obter grandes benefícios econômicos e também melhorar em muito a atual degradação ambiental.
Este artigo foi elaborado pelo acadêmico do 7º Período de Engenharia Ambiental Carlos Gardel Borsatti da Unisep e sob supervisão e revisão do Prof. Marcelo Langer.

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