Texto publicado no Jornal Tribuna dos Lagos de Dois Vizinhos, Paraná.
Vivemos num mundo consumista, não digo capitalista nem socialista, pois dificilmente encontraríamos um exemplar clássico destes antigos conceitos econômicos. Mesmo porque o nosso país – Brasil – nunca assumiu uma destas posições. Sempre estivemos, digamos assim, no meio termo. Alguns chamam a isso de bom senso, outros de equilíbrio, mas na verdade o que podemos perceber mesmo, é que nossa educação e formação não ensinam o posicionamento, não aprendemos a nos posicionarmos, mas sim e infelizmente, aprendemos a agir na “média”, nem para mais, nem para menos, mas sim na média.
Nosso sistema de ensino, ainda prioriza o conhecimento de culturas, características e tradições externas. Pouco aprendemos e menos ainda sabemos de nossa própria história e origem. Pouco compreendemos de nossa evolução política, social e econômica, e por não conhecermos sobre nossos marcos e não compreendermos os passos de nossos antepassados, menos sabemos para onde desejamos ir.
Nossos filhos e jovens, os ditos jovens do milênio, estão ainda buscando encontrar-se, encontrar sua identidade, não são os estudantes revolucionários de 60, não são os estudantes “anestesiados” de 70, não são os estudantes sem causa e sem futuro de 80, não são os estudantes do impeachment do Collor de 90 e assim quem são os estudantes de 2000?
Dizem-se mais autônomos, dizem-se mais decididos, mas depois de quase 20 anos trabalhando com jovens de diversas idades e origens sociais, ainda os vejo tão perdidos como eu fui na minha adolescência e juventude, entretanto, tínhamos esperanças de que o Brasil chegaria lá, tínhamos esperanças de que se estudássemos com destemor, afinco e muita dedicação, conseguiríamos atingir nossos sonhos. Infelizmente, vejo poucos jovens pensando desta forma.
Para minha surpresa e confirmação, na sexta-feira passada assistindo a uma entrevista de uma pesquisadora em RH dos Estados Unidos, esta definiu os jovens de hoje como jovens individualistas, que não vestem a camisa, que não estão muito preocupados em ser, mas simplesmente em estar. Para esta mesma pesquisadora os jovens de antigamente tinham que esforçar-se para suas conquistas, principalmente na escola e universidade, hoje, caso seus resultados não sejam os que desejam, eles ligam seus celulares, chamam seus pais e exigem dos professores os desempenhos que “acreditam” merecer, pois estes jovens entendem que por estarem pagando, podem tudo o que desejam. Não pensam em esforço, não é importante para eles vencerem seus obstáculos e conquistarem posições por seus próprios esforços.
Para os jovens do milênio o que importa é estar ali, não precisa nem estar 100% presente, pois por trás de seus notebooks, assistem a vídeos e desenvolvem outras atividades enquanto seus professores tentam transmitir-lhes conhecimento. O pior de tudo é que estes mesmos “ciberalunos” acreditam-se capazes de julgar e reprovar os seus professores. Hoje em dia não cabe aos professores o mérito de avaliar o desempenho dos seus alunos, mas sim os alunos é que, ao final das contas, aprovam seus professores.
Onde o Meio Ambiente e a Ética se encaixam nisso tudo?
Na verdade 100% em tudo. Pois, se a atual e presente geração de seres humanos continuar a desenvolver-se acreditando que tudo no mundo esta ai para servir-los, o Planeta Terra, já totalmente degradado, destruído e sem perspectivas positivas, ira ainda mais rápido, perder todos os seus recursos naturais, biodiversidade e qualidade de vida.
Percebo, a cada dia que passa mais e mais pessoas falando sobre Meio Ambiente, discursos maravilhosos, que realmente me emocionam, pessoas que ate bem pouco tempo atrás viam o meio ambiente como um fator meramente econômico e que hoje passam a utilizar palavras e conceitos da moda, tipo: sustentabilidade, tecnologias limpas, ecoeficiência, marketing ambiental, produto sustentável, etc., mas que no fundo, apenas suas palavras e conceitos mudaram, pois estas pessoas continuam olhando para o Meio Ambiente apenas como uma viabilidade econômica.
Claro! Suas palavras são diferentes, são mais “verdes”, são mais positivas, são mais adequadas às necessidades socioambientais, são mais “éticas”.
Portanto, não acredito que possamos falar de Meio Ambiente, se o sistema de Educação, Formação, Conduta e Ética Pessoal, continuam sendo destruidoras.
Devemos ter muito cuidado, principalmente, neste atual estágio de degradação do Planeta, neste ano de Copa e Eleição. Novos profetas, novos salvadores da Pátria surgirão, prometendo salvar o Planeta, prometendo comprometer-se com o Meio Ambiente e pedindo em troca, um simples favor: seu voto.
Cuidado, muitos estão falando e escrevendo, todavia poucos estão realmente fazendo.
Infelizmente vejo muitos alunos, quem mal concluíram seus cursos e já passaram a fazer parte da equipe do “digo que faço”, mas que no fundo já estão no velho e conhecido caminho de todos nós brasileiros: a corrupção; principalmente para a elaboração e aprovação de projetos ambientais.
Para muitos dos nossos jovens a Ética, não é um valor, nem mesmo tem alguma compreensão ou conhecem seu significado. O que importa não são suas bases, seus valores, seu caráter. O que é importante é o financeiro. O Meio Ambiente, lamentavelmente, não é importante.
Sermos éticos significa, simplesmente, seguirmos a LEI; a Lei existe para ser seguidas, sem precedentes. Se não concordamos com a Lei, então devemos começar a atuar nas instancias políticas, atuando politicamente e integrando conhecimento técnico aos nossos direitos e deveres políticos.
Devemos apoiar as atitudes, ações e projetos em prol do Meio Ambiente? Sim, devemos!
Mas somente aqueles que acima de tudo estão baseados na Ética. Sem ética, sem respeito, o resultado será certo: SEM MEIO AMBIENTE E SEM VIDA.
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