quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Arborização Urbana, benefícios ou problemas? 28/03/2010

Texrto publicado no Jornal Tribuna dos Lagos de Dois Vizinhos, Paraná.

A arborização nas cidades exerce um papel muito importante, pois age diretamente no bem estar da população, reduzindo significativamente os níveis da poluição atmosférica e sonora, sem esquecer também a diminuição da temperatura nas épocas mais quentes do ano, o estresse social e o benefício psicológico.
Quando nos referimos à arborização de cidades leva-se sempre em consideração três premissas: As espécies que podem ser plantadas; As características ecológicas do ambiente e o impacto que estas espécies (árvores) podem causar a médio e longo prazo ao ambiente.
Nos municípios da Região Sudoeste do Paraná, a arborização nas vias públicas (passeios e praças) foi estabelecida ao longo do tempo sem uma real preocupação com as características ecológicas do ambiente. As espécies plantadas são na sua maioria árvores exóticas (não nativas, trazidas de outras regiões), que se adaptaram ao clima e ao solo da região.
Apesar de suas contribuições a diminuição de ruídos, temperatura, efeito cênico e que em um primeiro momento não conseguimos perceber os efeitos negativos que estas espécies exóticas causam, eles existem e são potencialmente perigosos o meio ambiente. Podendo contribuir para alterações na cadeia alimentar da fauna, determinando efeitos adversos, impactos negativos sobre a sustentabilidade da flora local e também para a gestão urbana, pois a escolha de espécies impróprias pode comprometer a tubulação do esgoto, água, luz e estourar as calçadas, causando acidentes e danos físicos aos pedestres.
Um dos grandes problemas da ecologia e da botânica atual é a falta de pesquisas e estudos concretos a respeito do reflorestamento urbano, também chamada de Silvicultura Urbana ou ainda popularmente Arborização Urbana.
Ecologicamente falando pode se afirmar que as espécies vegetais exóticas por mais bem adaptadas e manejadas que estejam, representam uma ameaça ao equilíbrio do meio ambiente natural, visto que duas espécies irão competir pelo espaço existente e pelos recursos minerais do solo.
Agora no outono e com o inverno se aproximando, surge um novo problema: a poda, normalmente realizada de forma extrema com a eliminação total da copa verde, que ao invés de beneficiar o meio ambiente, causa danos ainda maiores e impede que os benefícios futuros esperados para a primavera e verão, possam ser atingidos. Mas sobre a poda falaremos numa próxima edição.
Governantes e a própria sociedade devem compreender que a tênue linha do equilíbrio ambiental já foi ultrapassada, e nós autores desta façanha estamos vivenciando suas consequências.
Pesquisas e investimentos nas áreas de biologia vegetal, ecologia e silvicultura urbana devem ser preconizadas, estas atividades devem ser realizadas por profissionais com conhecimento e não simplesmente por empresas que saibam plantar árvores e cortar galhos.
Silvicultura Urbana, é muito mais, é o que determina o bem-estar da população, atenua problemas climáticos, estabelece maior qualidade de vida a seus munícipes, preserva nascentes, rios, águas e a VIDA. Estes serviços devem ser executados por engenheiros florestais, ambientais e outros profissionais da área com competência técnica.
Se a opção é contratar empresas de terceiros para a realização destas atividades, então que sejam contratadas empresas que possuam estes profissionais. Se isto não acontece, então poderemos construir hospitais e colocar os pacientes nas mãos de qualquer outro profissional, pois colocar o meio ambiente nas mãos de qualquer pessoa é o mesmo que colocar a vida de pacientes nas mãos de qualquer outro profissional além do médico. Ou alguém tem dúvidas de que o Meio Ambiente mal gerenciado, como tem sido feito, pode matar?

Este artigo foi elaborado pela acadêmica do curso de Engenharia Ambiental da Unisep, Andressa Reolon, sob a orientação e revisão do Engenheiro Florestal e Prof. da Unisep Marcelo Langer

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