sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Cartas à Mesa.

Nestes últimos 10 dias, temos sido testemunhas de alguns fatos, além dos milhares de vitimas e pessoas que perderam suas vidas, estamos acompanhando a ineficiência governamental para lidar com a atual situação de tragédia.


Também estamos vendo exemplos de solidariedade, compaixão, dignidade e comoção pública. Numa tentativa de ajudar a estas vítimas que se encontram psicologicamente arrasados, economicamente desprovidos e carentes de afeto e ternura, pois seus “portos sólidos” foram destruídos, assim como muitos dos seus conhecidos e familiares partiram de forma trágica e imensamente dolorosa. Estas vítimas sobreviventes, heróis e heroínas, que neste momento se encontram desabrigados e sem esperanças, temendo por seus futuros e de seus familiares e dependentes, precisam de apoio, de carinho, de ajuda e donativos.

E outro grupo que além de contribuir com donativos acredita e espera que o atual sistema político de corrupção, omissão, ineficiência e impunidade possa mudar nesse nosso maravilhoso país, pois caso isso não ocorra imediatamente, continuaremos lamentando no futuro próximo perdas que poderiam ter sido evitadas.

Como disse um amigo meu, neste momento de comoção e tristeza muitos surgirão para fazer discursos e vender imagens de salvadores da pátria e por isso temos que ter cuidado com o que apoiamos ou nos envolvemos. Mas o fato é, precisamos fazer algo efetivo, por que não podemos continuar neste sistema de incapacidade governamental e falta de lideranças.

Vejamos o exemplo da Austrália que teve uma grande catástrofe ambiental nesta época, mas somente 30 pessoas morreram. As vitimas já receberam recursos do governo, sem burocracia, sem necessidade de comprovações, mais do que a própria tragédia já comprova. Além disso, nesse país as vitimas serão atendidas e terão suas vidas reconstruídas rapidamente, porque existe o seguro publico e o seguro privado, que tratarão de repor as condições básicas necessárias à retomada da vida, do cotidiano e da produtividade econômica do país.

Agora voltando ao nosso país e a região serrana do Rio de Janeiro. Tecnicamente falando, as construções foram edificadas em locais inapropriados e com a concessão governamental (descaso político), que para não se indispor com seus futuros eleitores, acaba, no nosso tão conhecido sistema corruptível, concordando e permitindo a permanência destas construções civis em áreas de preservação.

Estas áreas são regidas por Leis e, portanto, deveriam estar livre de qualquer tipo de edificação ou atividade humana, servindo somente à preservação das margens dos leitos do Rio. Entretanto, não é o que vemos, não somente na região serrana do Rio de Janeiro, mas infelizmente em todo o país.

Desta maneira cria-se um circulo de concessões e benesses, que acabam sendo a principal razão de toda esta tragédia e perdas.

Sabemos que a maioria da população brasileira ainda vota em função do retorno imediato que receberá do político: uma sesta básica, uma privada, uma consulta médica, e por ai vai. Infelizmente esta é a nossa realidade política.

Então, não querendo ser o advogado do diabo, mas precisamos por as cartas à mesa e encarar a verdade:

Primeiro, estamos vivendo esta situação de omissão, incompetência e impunidade política, por que o povo brasileiro não sabe eleger seus representantes;

Segundo, o povo não sabe escolher seus representantes por que não tem preparo, formação e educação para entender a gravidade do ato de trocar o voto; Não sabemos escrever, nosso sistema de ensino é sofrível e lamentável. Não há orgulho nenhum em nosso sistema de ensino, nem no privado e muito menos no público.

Terceiro, o governo é tão corrupto em todas as suas instancias, que permite que a sociedade continue agindo de forma contraria a Lei, e isso se deve simplesmente ao fato de que o nosso país é CORRUPTO em todas as suas esferas;

Quarto, precisamos entender que governar é diferente de liderar. Nós temos Governo, mas não temos lideres positivos, um líder se faz por sua honestidade, caráter, sendo de justiça, esforço, e principalmente por estar junto e presente com sua equipe. O narcotráfico brasileiro tem lideres e por isso torna-se mais eficiente que o Governo, mesmo estando encarcerado em prisões, continua liderando todo o comercio de drogas no país.

Quinto, há um grande erro em acreditar que ser bondoso é ser passivo, é aceitar a impunidade, corrupção, bandidagem, roubos, violência, desprezo e principalmente se omitir diante dos fatos. Erramos quando não agimos e permitimos que o ladrão, o bandido, o assassino, o político, continue a tirar de nós, nosso bem maior: Nossa dignidade e capacidade de expressão pessoal e individual.

Sexto, não entendemos os nossos direito de individualidade e não sabemos agir em coletividade. Agir em coletividade não significa que devemos concordar plenamente com tudo que nos é colocado. Individualmente ainda temos nosso próprio pensamento, porem com todas as diferenças que existam nas individualidades, precisamos aprender a agir coletivamente em todos os momentos de nossas vidas e não somente em momentos de tragédias.

Sétimo, os políticos deveriam aprender que as Leis devem ser feitas por técnicos, especialistas das diferentes áreas e com a anuência de membros da sociedade; e que o seu papel é aprová-las ou não, e acima de tudo garantir a sua aplicação efetivamente, sem desvios, sem “entendimentos e favores”. Enquanto nossos políticos insistirem na elaboração de Leis tendenciosas, sofreremos a desgraça de um país com futuro, mas que não consegue sair da lama.

Enquanto este ciclo vicioso continuar, não estaremos resolvendo nada e sim continuaremos sofrendo de diversas maneiras, com tragédias ou sem elas, pois a miséria, a falta de saúde, educação, infra-estrutura, saneamento básico, pobreza aqui no Brasil e carta plenamente jogada e aceita em todas as mesas nacionais.

Precisamos neste momento continuar ajudando a todos as vitimas deste sistema político vigente, mas precisamos acordar deste estado de “fadas” em que o Brasil é visto como um país maravilhoso. Nosso país não é maravilhoso! É triste, é sofrível, é lamentável, é vergonhoso.

Nossa população é solidária, é forte é batalhadora, trabalha como nenhuma outra... Mas infelizmente passiva e conivente com o seu próprio estado de miséria absoluta e total. Devemos ser pacíficos, não sou favorável a guerra, mas não podemos continuar sendo omissos, passivos e coniventes com esta atual situação de indignidade humana em que vivemos.

Vamos ajudar sim. A todos os que necessitam, sem distinção ou pré-julgamento. Mas é hora de mudar esta indústria da miséria brasileira. Não digo FORA aos políticos e partidos... Mas digo FORA aos incompetentes, aproveitadores, ineficientes e corruptos nacionais.

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